sexta-feira, 24 de janeiro de 2014

E, afinal de contas, o que é medicina alternativa, se é que essa coisa existe?

As técnicas e métodos agregados sob esse nome são tão distintos que se torna impossível criar uma definição coerente para o termo. Nem todas são naturais, nem todas são holísticas, nem todas são orientais, nem todas são não-oficiais.

A visão de que o corpo é um organismo interligado – e, portanto, não pode ser subdividido em partes independentes – parece ser uma das principais vantagens de muitas técnicas alternativas em relação à ortodoxia médica.

Nos últimos anos, as “duas medicinas” têm se aproximado e hoje admitem a possibilidade de incorporar características uma da outra.

Porém a imensa maioria dos estudos científicos sobre o assunto é pouco rigorosa. Bons estudos são caros e muitas vezes dinheiro é um problemão para homeopatas, cromoterapeutas e afins. Medicamentos da medicina ortodoxa geralmente são testados sob patrocínio de grandes laboratórios farmacêuticos, interessados em comercializá-los. Já as técnicas, práticas e remédios menos rentáveis não encontram apoiadores tão facilmente. Não há muitas grandes empresas interessadas em divulgar a acupuntura ou a iridologia.

Enquanto não há pesquisas suficientes, a medicina alternativa se baseia, muitas vezes, nos resultados obtidos no consultório, no tratamento de pacientes. É importante lembrar que o fato de não existirem pesquisas que garantam a eficiência de um método não comprova que esse método seja ineficiente.
Como regra geral, vale dizer que nenhuma das terapias alternativas deve ser usada em todas as circunstâncias. Se houver qualquer razão para suspeitar de uma doença mais séria, como um câncer ou uma infecção que não passa, um médico convencional certamente vai estar mais equipado para fazer o diagnóstico.

As terapias alternativas podem ser boas maneiras de se manter saudável – já que muitas delas pregam o “equilíbrio” nos vários aspectos da vida, um jeito bem razoável de se prevenir de doenças. Elas também são uma saída para problemas causados por males “subjetivos” – as várias doenças ligadas à tensão, por exemplo, podem se beneficiar muito de métodos holísticos, que incluam conversas com o terapeuta, música tranquila e massagens. Doenças misteriosas como as alergias, ainda mal compreendidas pela medicina do Ocidente, igualmente parecem se beneficiar de tratamentos como a acupuntura e a homeopatia.

Mas, afinal, se na maioria das vezes não sabemos se a medicina alternativa funciona, por que então utilizá-la?

Parte dos pacientes que buscam a medicina alternativa compartilha a aversão por substâncias químicas ou drogas e privilegiam substâncias naturais em diversos campos de sua vida.
Mas a insatisfação com a medicina ortodoxa também pode estar ligada a fatores que em nada têm a ver com a filosofia de vida do paciente. Pacientes costumam ter uma queixa comum quando o assunto é medicina convencional: acreditam que o médico não lhes dá a devida atenção. A maioria das denúncias encaminhadas aos órgãos que regulamentam o exercício da medicina não se deve a erros médicos e sim à relação médico-paciente. Eles
reclamam que o médico não tem tempo suficiente para atendê-los ou que não entendem as explicações sobre os procedimentos usados.
 
Porém é importante conhecer os princípios de cada tipo de tratamento alternativo e saber evitar os charlatões. Mas talvez seja igualmente importante conseguir acreditar no seu terapeuta. Nesse sentido, mil pesquisas provando isso ou aquilo não substituem uma coisa: a confiança que você tem no seu médico, seja ele ortodoxo ou alternativo.

Abaixo estão listados alguns dos tratamentos mais famosos:

Acupuntura
O que é - Uma das técnicas da medicina tradicional chinesa, a acupuntura consiste na aplicação de agulhas em pontos específicos do corpo. Sua base filosófica indica que esses pontos afetam os diferentes órgãos e estão localizados sobre canais de energia (chamados meridianos) que se espalham pelo corpo.
O que a ciência acha - Sabe-se que os pontos têm relação com o sistema nervoso – e o sistema nervoso influencia todo o corpo. Mas cientista nenhum encontrou os tais canais de energia. A técnica não costuma oferecer resultados a curto prazo, mas revelou-se eficiente contra efeitos colaterais de remédios, enjôos, doenças respiratórias, dores e problemas de pressão.

Homeopatia
O que é - Inventada no século 18, é uma especialidade médica no Brasil, mas ainda não foi reconhecida como tal em países com tradição em medicina alternativa, como Canadá e Estados Unidos.
O que a ciência acha - Muito utilizada contra doenças crônicas como alergias, asma, rinite e enxaqueca, ainda não comprovou eficiência além do placebo nesses tratamentos. A ciência ignora o modo pelo qual age, mas reconhece alguns resultados. Pode ser o caso mais bem-sucedido de manipulação de placebo.

Iridologia
O que é - Os praticantes da técnica afirmam que podem oferecer um diagnóstico físico, psicológico e emocional a partir da análise da íris.
O que a ciência acha - Não tem validade científica. A tese de que males físicos se reflitam nos olhos não é absurda. Mas determinar o estado de saúde de alguém tendo como base apenas isso pode gerar diagnósticos incompletos, o que é perigoso.

Cromoterapia
O que é - Baseia-se na idéia de que cores têm efeito curativo abrangente. Os tratamentos envolvem alimentação, modo de se vestir, relação com o ambiente, além da visualização de cores para efeito terapêutico.
O que a ciência acha - Não há qualquer evidência de eficácia. De forma alguma deve substituir o tratamento convencional. Mas a cromoterapia pode trazer bem-estar – e bem-estar é bom para a saúde.

Fitoterapia
O que é - Consiste na manipulação de plantas e ervas para a cura de doenças e redução dos sintomas. Prega que as plantas devem ser consumidas integralmente e não combinadas a substâncias químicas que realçam o efeito do princípio ativo, como na medicina ortodoxa.
O que a ciência acha - A idéia de que plantas curem faz todo sentido. Praticamente todos os remédios da medicina ortodoxa têm seus princípios ativos retirados de plantas ou de outros seres vivos. E é realmente saudável procurar por substâncias benéficas, em pequenas doses, na alimentação – o que ajuda a evitar efeitos colaterais causados por doses grandes demais.

                                                                                        Fernanda Procópio

Referências Bibliográficas:

Cavalcanti, N. Medicina Alternativa: Benefícios ou Malefícios. Ago. 2009. http://www.diabetes.org.br/colunistas-da-sbd/pontos-de-vista/322. Acesso em: 22/01/2014.
Nunes, A. C.; Soalheiro, B. Medicina Alternativa. Jan. 2004. http://super.abril.com.br/ciencia/medicina-alternativa-444331.shtml. Acesso em: 24/01/2014.
Associação Brasileira de Medicina Complementar.
www.medicinacomplementar.com.br. Acesso em: 20/01/2014.

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